segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Capitulo 11 - Inicio ou fim?



"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
( Chico Xavier )

"O começo do fim é o fim do começo!"
( Josué Correia Maxuelino Silveira )

Eu não me reconhecia no espelho. Era totalmente outra Rose. Me olhava e olhava, mas não sabia se era eu mesma ali. O que seria de mim agora. Sera que dava para voltar atras? Não. Não dava para voltar. Minha mae precisava de ajuda, e pelo menos uma vez na vida eu pararia de pensar em mim, e pensaria em alguem que eu amo. Seria um sacrificio facil de fazer. Afinal eu ja tinha feito mesmo. Fiz com varios meninos em baladas diferentes, então o que seria isso agora? Nada! A Sabrina terminava de se arrumar. Ela tava cada vez mais bisca e puta. Mas mesmo assim ela estava linda. Ela disse enquanto se arrumavar que hoje teria dois programas para fazer. E que depois estaria livre. Ela tambem me explicou que moças novas assim como eu e ela so faziamos dois a tres no maximo por noite. E nem era toda noite. Pelo menos isso era uma boa coisa. Ela se arrumando, me fez lembrar do tempo que eu era pequena e via minha mae se arrumando. Nossa minha mae sempre foi linda. Sempre andou bem arrumada, mesmo antes de ser a primeira  dama em Chigado, ela era linda. Quando eu tinha quatro anos eramos de classe media. Uma tipica familia norte americana. Normal. Feliz. Mas a desgraça começou quando meu pai se envolveu na politica. Ate hoje não me conformo com isso. Perdi a minha vida simples e feliz para uma vida futil e inutil. E olha onde eu cheguei? Sera que pode piorar mais? Acho que é impossivel isso. Minha vida definitivamente chegou ao fim do poço.

Sabrina: - Rose, tudo bem?
Rose: - Han? Sim tudo bem.
Sabrina: - Voce ficou pensativa, quer voltar atras ainda da tempo.
Rose: - Não. Não estava pensando nisso.
Sabrina: - Em que voce estava pensando então?
Rose: - Na minha familia. Nos tempos que não voltam mais.
Sabrina: - Entendo. Pronta? - percebi um relance de tristeza em seus olhos.
Rose: - Sim.
Sabrina: - Então vamos.

Descemos para o segundo andar e entramos em uma sala, que so tinha moças praticamente da nossa idade. Era estranho. Mas sei la. Todas tinham um olhar triste. Ok?  Eu reparo demais nas pessoas. Tenho a incrivel mania de olhar o olhar das pessoas. Mas era verdade. Tinham um olhar triste e melaconlico atras de tanta maquiagem. Sera o que trouxe tantas meninas para essa vida. Não era uma vida que eu me orgulharia de ter. E tenho certeza que nem elas. A Sabrina sentou em uma cadeira e eu em outra. Ela me disse que podiamos fazer o quiser aqui. Beber, fumar, menos usar drogas. Podiamos usar um dos quatros notebook's que tinham ali, para passar o tempo. Ela pegou um para ela e um para mim. Eu nem queria. Mas parecia que ela queria parar de responder as minhas perguntas. Como meu 'programa' era somente as dez eu tinha pelo menos uma hora e meia para descançar. A Sabrina disse que eu não teria que ficar com garotos pervetidos passando a mao em mim. Pela primeira vez, queria agradecer a Deus por uma coisa boa. Entrei no meu orkut, nada de novo. Me deu vontade de entrar então no msn. Faz mais de um seculo que eu não entro. Quase não sabia a minha propria senha. Mas entrei.

E percebi que tinha poucos contatos. Concerteza fui excluida. Logo a primeria pessoa a falar comigo foi o Leo. Nossa ele ainda existe? Desgraçado filho de uma puta. Puta? Que ironia, não é mesmo? Bom ele veio me encher o saco.

  - Inicio da conversa -
Leo: - Rose amor da minha vida, por onde voce anda?
Rose: - Vai se fuder Leonardo.
Leo: - Poxa gatinha, fala assim não
  - Não é possivel receber ou enviar mensagens, pois o contato foi bloquado -

Pronto! Fim de papo com aquele desgraçado. Otimo, já estou bastante calma. Vou fazer tudo uma maravilha hoje. Por que ele não me excluiu? Deve ser para me encher o saco. Maldito! Desgraçado! Raiva! Que odio. Continuei a ver minha lista de contatos. Vi que a Fernanda estava on-line. Sera que eu deveria falar com ela? Apenas um oi, e não teria nada não é mesmo? Ela foi a unica que me tratou bem depois de tudo. Ela me trataria bem agora tambem. Abri a janela para falar com ela. Tinha uma foto dela com um rapaz. Era o... O Caio! Nossa! Ele de novo. Mas pensar nele não mexeu comigo. Ele estava lindo como sempre mas não me importava tanto com ele.

   - Inicio de conversa -
Rose: - Oi Fernanda, como esta?
Nanda: - Rooooose! Menina onde voce esta? Estava preocupada com voce.
Rose: - Serio Fernanda? Pensei que ninguem mais lembrava de mim.
Nanda: - Ai que voce se engana. Tem pessoas que se lembram de voce. Eu mesmo me lembro sempre de voce. Oro sempre por sua vida.
Rose: - Fernanda, so voce mesma para lembrar de mim.
Nanda: - Tem mais uma pessoa tambem.
Rose: - Quem?
Nanda: - Caio. Sei que voce conheceu meu primo. Ele tambem se lembra de voce.
Rose: - Bom. Ok. Tenho que ir. Entrei bem rapido.
Nanda: - Onde voce esta?
Rose: - No interior. xau.
 - você esta offiline -

Sai do msn. Por que a Fernanda tinha que falar do Caio? Pelo menos isso tinha me aliviado da raiva. Falar com a Fernanda não era mais chato. Não era mais repugnante. Não era mais estressante. Era Legal. Foi bom. Foi tranquilizante. Desliquei o notebook. E coloquei na mesa que estava. Não tinha mais prazer de ficar falando com ninguem. Queria me afastar da minha antiga vida. Essa agora era melhor que a antiga. Mas eu era feliz de algum modo. Estava começando a viver digamos o lado bom da vida. Apesar disso. Eu virei garota de programa, mas estou bem. Estou feliz. Tenho amigos verdadeiros. Tinha uma vida legal.

Então entrava para a minha primeira noite. Sabrina saiu. E me deixou com meu primeiro cliente. Não sabia o que me esperava. Ainda estava com um pouco de raiva de ter falado com o Leo, mas ter visto um pouco a Fernanda, me alcamei.

Olhei pela janela do carro. Estava no carro indo em direção a um motel. Era la que seria feito tudo. O homem me apalpava enquanto dirigia. Já tinhamos bebido um pouco na casa, e ele estava com uma cerveja.

Era estranho. No fim não sentia prazer. A Sabrina me disse que era melhor eu ver tudo como um emprego mesmo. E seria melhor. Então seguir seu conselho.

E a noite era apenas uma criança diante dos meus olhos...

FIM