“O que é o medo? Meras palavras que descrevem uma situação ou um momento em que estamos vivendo. Ou sera apenas quatro letras que resume a perda de algo. Não importa seja como for o medo faz tormarmos decisoes que um dia poderemos nos arrepender.”
"O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação."
(Ayrton Senna)
Aquela conversa toda me deixou confusa. Sai e não entendi nada. Sabrina tinha me oferecido um emprego, e realmente eu estava precisando de dinheiro. Minha mae não ganhava muito e estavamos precisando de dinheiro. Mas que emprego poderia ser esse?
Do que ela poderia estar falando? Ela saiu e me deixou somente seu nome, se esse era realmente seu nome, e seu celular.
Fui para casa. Estava frio e um pouco escuro. O clima tedioso nem tempo. Começaria a nevar logo, logo... A verdade era que aquela conversa toda estava me pertubando e ate certo ponto me irritando. Tudo agora estava horrivel para mim. Quando cheguei em casa minha mae já havia chegado. Estranhei, ela so chegaria depois das oitos. Ela estava no seu quarto. Me encostei na porta e percebi que ela estava chorando. Provavelmente algo tinha acontecido. Desde que viemos morar aqui nunca vi minha mae chorando.
Entrei para meu quarto. Me detei. Nem percebi que eu estava tão cansada assim. Algo em minha mente e alma estava confusa. Não entendia a cena que havia acontecido hoje a tarde. Tambem não compreendia por que eu estava tão aflita. Acabei de adormecendo. E quando acordei escutei um leve mormurar de vozes na cozinha-sala. Fui ate perto da minha porta de quarto e escutei a minha mae falando...
Natalia: - Não pode ser. As contas estão maiores que no inicio. Não estou conseguindo pagar todas. Maldito Jorge. Nos deixou na ruina. Como eu vou pagar essas contas do cartão? Estão antigas e ainda sim, não consigo pagar.
Aquilo me deu medo. Medo de estar perdendo um pouco da dignidade que ainda tinhamos. Onde parariamos com isso tudo? Mesmo depois de preso o maldito do meu pai, nos trazia prejuizo!
Voltei a mim deitar. Teria que tomar uma decisão o mais antes melhor.
Custei a dormir novamente. Eram tres horas da manha. E ainda não consiga dormir. Minha mae já havia ido dormir. O que sera que esta acontecendo comigo? Onde sera que vai acontecer comigo.
Eu não tinha certeza do que iria acontecer comigo. Mas não duvidei. Peguei meu celular. E fui na minha mochila. Olhei para aquele numero como se fosse uma pedra de ouro diante dos meus olhos.
Disquei o numero. Um toque. Dois toques. Tres toques. Já estava pensando que estava louca. Quem estaria acordado as tres e meia da manha? O quinto toque. Um estralo na linha. Atendeu!
Xxx: - Alo? – era uma voz masculina.
Rose: - Por favor a Sabrina Alburqueque?
Xxx: - Um momento vou chama-la.
Rose: - Tudo bem.
Esperei um pouco, ate ouvir um clique na linha. Então ouvi uma voz feminina falando.
Xxx: - Alo?
Rose: - Sabrina?
Sabrina: - Sim, quem deseja?
Rose: - Sou eu. A Rose, a menina que voce falou hoje de tarde. Ou melhor ontem de tarde.
Sabrina: - Sei quem voce é. Mas sinceramente pensei que voce demoraria para me ligar.
Rose: - Esperava? Entendo.
Sabrina: - Então voce pensou na proposta?
Rose: - Sim.
Sabrina: - Sua ligação já me diz sua resposta. Bom não posso demorar. Tenho trabalho para fazer ainda. Me encontre na Rua 15 com a Avenida 25, hoje depois da escola.
Rose: - Mas ...
Sabrina: - Mas nada. Apareça lá. Se não esqueça o emprego.
Rose: - Ok.
Nem deu tempo para falar mais nada. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ela já havia desligado o telefone. Bom! Agora já era tarde. Já começava entrar na minha mente o tipo de trabalho que ela fazia. E meu estomago começou a se remexer.
O dia amanhaceu, e eu dormir bem pouco. Hoje era sexta. Então teria todo o fim de semana para pensar. As aulas passaram muito devagar. A verdade que eu não estava prestando atenção em nada. Nem em ninguem. Era o segundo dia que a Gabi faltava. Estava me sentindo sozinha. Nunca havia me sentindo tão so, depois que conhecia a Gabi, como estou me sentindo agora.
Quando sai. O João estava lá como sempre. Todos pensavam que ele estava namorando ou comigo ou com a Gabi. E morriam de inveja de mim. Mas depois que perceberam que a Gabi sempre sentava no banco de tras, os boatos so viraram para mim. Otimo! Chame a atenção sua idiota!
João: - Rose!
Rose: - Ola João.
João: - Cade a Gabi?
Rose: - Doente.
João: - Poxa nem sabia. Vamos fazer uma visita a ela hoje?
Rose: -Não vai da João. Tenho que me encontrar com uma amiga.
João: - Amiga?
Rose: - Sim, não posso?
João: - Claro que pode. So que me surpreendi, pois não conheço ela.
Rose: - E precisa voce conhecer?
João: - Calma Roh. So to perguntando.
Rose: - A curiosidade matou o gato.
João: - Ok. Ok. Morre esse assunto aqui. Vamos?
Rose: - Para onde?
João: - Oras para a casa da sua amiga.
Rose: - Faremos assim. Me deixe na Rua 14 com a Avenida 25, que de la eu vou sozinha. Ae deixo voce feliz e me faço feliz tambem.
João: - Não gostei muito da ideia. Mas tudo bem.
Entrei. Fomos calados o caminho todo. Ele me olhava, mas eu fingia que nem percebi. Realmente eu estava mais preocupada era com o que viria a acontecer. E não com o João.
João: - Senhorita...
Rose: - Obrigado João.
João: - Disponha.
Ele entrou no carro e saiu. Eu esperei para ter certeza que ele não me seguiria. Caminhei um pouco. E logo vi uma moça na esquina 15. Ruiva. Estava bem vestida. Usava uma saia e um casaquinho de lã. A ultima moda em Chicago eu me lembro. Ela olhava o relogio quando me aproximei.
Rose: - Sabrina?
Sabrina: - Voce demorou. Estamos atrasadas.
Rose: - Atrasadas?
Sabrina: - Sim. Vamos logo.
Caminhamos por umas ruas. E logo chegamos em uma casa. Quem visse pensaria que era apenas um sobrado. Um pensionato talvez. Mas eu tinha certeza que era muito mais que isso.
Sabrina: - Preparada?
Rose: - Para que?
Sabrina: - Não venha me dizer que não percebeu de que tipo de trabalho estou falando.
Rose: - Já me veio em mente sim. Não me é de se admirar.
Sabrina: - Bom, que seja! Preparada?
Rose: - Mas já?
Sabrina: - Claro!
Rose: - Mas eu não posso.
Sabrina: - Não pode ou não quer?
Rose: - Não posso e sinceramente não quero muito, mas eu preciso. Mas o problema não é isso. Não avisei para minha mae.
Sabrina: - Inventa qualquer mentira.
Rose: - Mentira?
Sabrina: - Não venha me dizer que voce nunca mentiu para sua mae?
Rose: - Sim. Mas faz tanto tempo que eu não minto com ela, que...
Sabrina: - aff’
Rose: - Tudo bem. So um momento.
Sabrina: - Rapido.
Me afastei um pouco. Olhei novamente a casa. Bom lá era obvio que era uma casa de programas. Bom, aqui era muito pouco punido isso. Mas fazer o que né? Somente que convivia com alguem de lá dentro suspeitaria, da bela e linda faixada para um pensionato feminino.
Peguei meu celular. Disquei. Minha mae entendeu na segunda chamada.
Rose: - Mae?
Natalia: - Sim Rose.
Rose: - Mae to ligando para dizer que não vou dormir em casa hoje, vou dormir na casa da Gabi, tudo bem?
Natalia: - Por que?
Rose: - Bom, mãe, a gabi esta doente, ela e eu temos que fazer um trabalho bastante grande para entregar segunda feira. Algum problema?
Natalia: - Amanha voce volta que horas para casa?
Rose: - Eu acho que so volto para pegar umas mudas de roupa mae. Como eu disse o trabalho é bastante grande e acho que vamos levar o fim de semana todo fazendo.
Natalia: - Tudo bem então. Deseje melhoras para a Gabi. Juizo ta filha?
Rose: - Ok mãe. Beijos.
Natalia: - Beijos filha.
Desliguei o celular. Pela primeira vez me sentir uma pessoa ridicularmente ruim. Mentir nunca foi tão dificil para mim. Sabrina estava me olhando. Com pressa, mas ao mesmo tempo com calma. Ela deveria ser uma aliciadora, bom seja o lá o que ela for so preciso de dinheiro e mais nada.
Sabrina: - Pronta?
Rose: - Sinceramente acho que nunca vou estar pronta para isso.
Sabrina: - Voce é virgem? – começou a ri.
Rose: - Não. Mas acho que nunca sera facil para nenhuma mulher vender o seu corpo para qualquer um.
Sabrina: - Vamos. – sua voz se cortou antes que pudesse terminar. Parecia que ela nunca quis isso tambem.
Entrei na casa. A primeira vista era uma casa simples. Tinha cara de ser casa de familia. Mas ao subir para os quartos cheguei a ficar chocada. Moças e mulheres de quase todas as idades possiveis com minis roupas e uma forte maquiagem.
Rose: - Tem menores aqui?
Sabrina: - Tem.
Rose: - Qual a menor de todas?
Sabrina: - É a Miss Sophie. Ela tem apenas 13 anos. Os pais a deixaram aqui pensando que era um pensionato. Mas foi tudo mentira. Ela chegou com apenas 11 anos e meio. Agora nem se incomoda mais.
Rose: - 11 anos?
Sabrina: - Sim. Esse é o lado negro daqui. A maioria gosta de meninas novas, então quanto mais nova melhor. E por falar nisso quantos anos voce tem?
Rose: - Faço dezessete mês que vem.
Sabrina: - Bom. Sua idade esta otima.
Rose: - Quantos anos voce tem, Sabrina?
Sabrina: - Dezoito. E deixa de conversa. Vem vou te arrumar. Voce tem um programa as dez horas.
Rose: - Mas ainda falta cinco horas.
Sabrina: - Sempre existe uns garotos que vem aqui e ficam no segundo andar. Eles gostam de se, bom, voce sabe, né?
Rose: - Eles não chegam a fazer, não é?
Sabrina: - Não. E nem tem permissão. Madame Flour não deixa.
Rose: - Madame quem?
Sabrina: - Flour. Ela é a dona disse tudo aqui.
Rose: - Ata.
Fomos para o terceiro andar. A casa tinha dois andares fora o terreo. No terceiro tinha alguns quartos que a sabrina disse serem para casos especiais. No fim do corredor tinha um grande quarto, com varias divisorias. E alguns armarios com roupas. Que definitivamente somente uma puta usaria. Tinha tambem uma enorme espelho. Estilo de camarim, para fazer a maquiagem.
Sabrina escolheu uma roupa para mim. E me arrumou. Quando estava pronto, nem me reconheci. Estava totalmente diferente. Ela fez um coque no meu cabelo. E uma maquiagem bastante forte. Minhas roupas mais mostrava que tampava.